Trilha sonora impactante, cenas de sexo e morte levam público ao delírio no Teatro Metrópole
Por Aldy Coelho
Pode a ganância pelo poder enlouquecer uma pessoa? Pode o ser humano enlouquecer por querer o impossível? São estas as questões abordadas na tragédia “Calígula”, encenada pelo Grupo Teatral Club Silêncio, na noite de terça-feira dia 17 de julho, na 10ª. Mostra de Teatro de Taubaté.
Escrita na época da Segunda Guerra Mundial por Albert Camus, em que ele próprio define como a tragédia da inteligência, traz a história verídica do tirano imperador romano Caio Júlio César Augusto Germânico – Calígula – reinante entre 37 e 41 dC., que tornou-se famoso pela sua personalidade cruel e sádica, onde irrompe dentro de seu próprio exército uma ação conspiradora contra ele devido suas tiranias desmedidas.
Após assassinar sua irmã e amante Drusila, a morte causa neste imperador grande insatisfação pela vida, que o faz querer mais e mais poder para suprir seu sentimento de perda. Então ele resolve transformar Roma da pior maneira possível, fazendo com que suas loucas ações pareçam brincadeira para seu exército e companheiros do reino.
Calígula deseja a liberdade sem fronteiras, o que o faz atravessar o tênue limite entre a sanidade e a loucura, tentando se igualar a Deus e de querer a Lua, símbolo do impossível. Em sua insensatez, humilha seus companheiros de exército, mata o filho e estupra a esposa de seu general, mata o pai de seu melhor amigo, assassina pessoas sem qualquer motivo aparente, expõe a população de Roma a flagelos e amedronta a todos com pressões psicológicas.
Sua loucura enlouquece todos os companheiros, e é neste momento em que se desencadeia dentro do próprio exército uma conspiração para assassiná-lo, liderada pelo seu general Kereia.
Após Calígula mandar matar Lépido, soldado do exército que apesar de todas as injúrias ainda lhe oferece a vida, Kereia põe seu plano em execução, matando primeiramente seu fiel serviçal Helicon.
Na sequência, Calígula ainda mata a esposa Cesonia, única testemunha do assassinato de Drusila, em que a julga como culpada por ter permitido sua morte. No fim, todos se unem para executar Calígula e por fim a sua loucura e o flagelo em que estavam expostos.
Com uma temática muito atual – a ganância pelo poder – o diretor Renato Crozariol optou por uma estética simbolista, fazendo referências ao período nazista, utilizando muito vermelho e signos de poder como a águia que lembra claramente a suástica – símbolo do exército de Adolf Hitler, o ditador louco que inspirou Camus a escrever esta tragédia.
Fotos: Aldy Coelho e Fábio Teberga
Confira a cobertura completa também pelo Jornal Diário de Taubaté
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