Por Aldy Coelho
Uma peça, um documentário ou um desabafo. Muito mais do que uma história, o teatro é apenas o meio utilizado para se contar a realidade vivenciada pelos homossexuais em Pink Martini – Espetáculo apresentado no dia 11 de julho, no Teatro Metrópole, dentro da 10ª. Mostra de Teatro.
Retratando o universo GLBT (gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros) desde a infância até a idade adulta, a peça fala sobre as diversas visões da sociedade quanto a este tema tão atual e tão polêmico - Dos pais e o sonho de ver os filhos de seus filhos, da escola e dos colegas, da adolescência e a descoberta da sexualidade - reprimir ou manifestar?
Assumidamente o alter ego do autor Jefferson Machado, Pink Martini é quase uma divindade que fala as verdades, os pensamentos e os desejos mais íntimos daqueles que muitas vezes se encontram sem voz pela repressão da sociedade. Interpretada pela Drag Queen Crystal Von Teese, ela aparece por meio de projeções, nos momentos mais tensos ou mais significativos para explicar ao público aquilo que só se passa na cabeça daqueles que são denominados como “diferentes” – como se o restante da sociedade fosse “normal”. Tudo começa e termina com um brinde a ela, a Pink Martini.
Os demais personagens são Tamara - que reprime uma paixão pela professora, a ponto de engravidar e se casar; André – que é expulso de casa pelo pai, quando descobre a homossexualidade do filho; Gabriel – o mais ‘afetado’ de todos pelos trejeitos e pela preferência em se travestir; e Yan – o macho preconceituoso, que usa de todos os artifícios de se aproveitar da fragilidade dos demais e reprimir o seu verdadeiro sentimento. Só quando se revelam e enfrentam de frente o preconceito que vivem, é que se tornam realmente felizes.
Demais assuntos críticos também são abordados nesta peça, como o bullying sofrido pelos personagens, abusos sexuais e doenças sexualmente transmissíveis – um caminho usado para se falar direcionadamente ao público sobre estas questões, como forma de conscientização e busca por respeito.
Como peça de estreia da Cia. Filhas da Mãe, o autor Jefferson Machado cumpre seu objetivo em provocar o público com este tema, que apesar de parecer pesado, traz a comicidade em quase todos os momentos com as gírias e piadas clássicas que são interpretadas cheias de trejeitos, levando quem assiste a se identificar de alguma forma, seja pelo riso ou pela dor.
Fotos: Fábio Teberga
Confira a cobertura da 10ª. Mostra de Teatro pelo Jornal Diário de Taubaté
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