sexta-feira, 21 de setembro de 2012

LABORATÓRIO DE TEATRO QUÍMICO APRESENTA ESPETÁCULO SOBRE RELACIONAMENTOS DESCARTÁVEIS

“Quarteto – Amores em Liquidação” mostra fragilidade e egoísmo de um casal que usa os demais em troca de prazer momentâneo

O amor como um produto descartável, ou de pouco valor, sobressaindo-se aos sentimentos. Um amor líquido, em um ambiente transitório, onde não tem tempo de solidificar-se e acaba por esvair-se ou, numa melhor explicação, ir pelo ralo abaixo.

Um tema complexo colocado em cena pela Cia. Laboratório de Teatro Químico de Jacareí, com o espetáculo “Quarteto – Amores em Liquidação”, que se apresentou no Teatro Metrópole como o quarto espetáculo concorrente do 1º. Festival de Teatro de Taubaté, na noite do dia 19 de setembro.

          O texto é uma adaptação do original “As Ligações Perigosas”, do dramaturgo alemão Heiner Müller, realizada pelo diretor Fernando Rodrigues que construiu esta montagem com uma encenação moderna e recheada de simbologias.

Logo no início, o público é recebido por três figuras curiosas vestidas de prostitutas com um cabeção de personagens infantis. E, quando elas sobem ao palco, o transformam num cabaré de quinta categoria, tendo ao lado uma placa com os dizeres “Amores em liquidação R$100,00” - que vão baixando de valor chegando a R$1,99 a cada troca de música, que vai de Gretchen a funk.

A cada dança, estas figuras sem rostos ou expressões, expõem seus corpos de forma agressiva e vulgar, pouco importando quem são elas ou o que sentem, e sim o corpo como mercadoria de consumo.

É neste cabaré que se encontram as histórias do Visconde de Valmont e da Marquesa de Merteuil, que ali concretizam seus cruéis jogos de poder, violência e sedução. Madame de Tourvel e Volange também completam este quarteto amoroso, como fantoches que habitam neste teatro de desejos, onde o que mais importa é o próprio deleite, sem se importar com seus sonhos ou sentimentos.

Os nobres conseguem seduzir a jovem e virgem sobrinha da Marquesa – a Madame de Volange – que, vinda de um convento, é  iludida por Valmont a se entregar acreditando que o sexo é um caminho para encontrar Deus. Antes disso, tentando proteger a irmã mais nova, é a Madame de Tourvel que se entrega à chantagem do nobre através do hedonismo e de suas aventuras sexuais.

Toda a concepção de cenário e do figurino é moderna, numa releitura contemporânea da obra do século XVIII, com um telão ao fundo projetando a imagem da Marquesa que assiste a tudo o que acontece no palco, enquanto o público acompanha suas reações de forma ampliada – a simbologia de uma sociedade que sente prazer em acompanhar relacionamentos humanos descartáveis através das diversas mídias atuais existentes.

Texto e Fotos: Aldy Coelho

Confira a cobertura completa do 1º. Festival de Teatro de Taubaté pelo
Jornal Diário de Taubaté

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