terça-feira, 25 de setembro de 2012

MEDÉIA EM FACES: GRUPO DE PINDA MODERNIZA EM RELEITURA DE TEXTO CLÁSSICO

Um monólogo que revela uma Medéia humana, expondo seus sentimentos contraditórios

Na noite de sábado, dia 22 de setembro, foi a vez do Grupo Coletivo das Tormentas representar a cidade de Pindamonhangaba na programação do 1º. Festival de Teatro de Taubaté, com o espetáculo “Medéia em Faces”, uma releitura moderna do clássico grego Medéia, de Eurípedes.

A estética do espetáculo em nada lembra um clássico grego. O público reduzido assiste à peça de dentro do palco e a atuação acontece à sua volta, os tornando tanto acusadores quanto os defensores de sua protagonista. Já que é uma releitura modernizada, o uso de equipamentos eletrônicos é uma constante, com televisores, micro-ondas e projeções.

Medeia é interpretada por Mauro Morais, que revela uma personagem mais humanizada, onde a preocupação não é distinguir o gênero feminino-masculino, mas revelar um sentimento de paixão e ódio, que é inerente ao ser humano. Sua interpretação direcionada faz o público participar ativamente das cenas, cara a cara com a personagem, tornando-os cúmplices ou testemunhas de sua loucura.

As projeções em meio à peça mostram uma realidade cruel através de vídeos abstratos, paisagens, programas de TV e depoimentos de pessoas reais que assassinaram por amor ou vingança, nos dizendo que uma história de mais de 400 anos antes de Cristo ainda é muito real e, na maioria das vezes, desconhecida.

A feiticeira Medéia é retratada por meio de coreografias, cenas expressivas, entidades místicas e diversos objetos espalhados em cena, ao mesmo tempo em que a ambígua personagem disserta sobre o amor, os filhos e seu desejo de ser feliz, que acaba por terra quando o marido Jasão a abandona com os filhos para se casar com a princesa de Corinto.

Desafiando o tempo ao aproximar a mulher grega do indivíduo contemporâneo, e investindo numa linguagem onde o espectador toma uma forma mais reflexiva e atuante, o espetáculo concretiza seu objetivo, o de sustentar em quem assiste o paradoxo “Razão-Emoção” para julgar, de dentro da cena, a amante que oscila entre o mítico e o humano.

Texto: Aldy Coelho
Fotos: Fábio Teberga

Confira a cobertura completa do 1º. Festival de Teatro de Taubaté pelo
Jornal Diário de Taubaté

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